A principal polêmica aconteceu antes da abertura do evento, após Charlotte Dujardin, tricampeã olímpica da Grã-Bretanha, surgir em um vídeo chicoteando um cavalo. O brasileiro Carlos Parro também foi alvo de denúncias por forçar o pescoço da égua Safira em uma posição perigosa. Pelo ato, ele recebeu um cartão amarelo e foi liberado para competir.
Até o momento, seis equipes estão envolvidas em incidentes que violam o regulamento da Federação Equestre Internacional (FEI), órgão máximo que dirige as associações de esportes equestres.
Para Kathy Guillermo, vice-presidente senior da People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), organização sem fins lucrativos à frente das denúncias, os incidentes não são exclusivos desta edição. O grupo pede o banimento das modalidades com animais nas Olimpíadas.
“Infelizmente, as autoridades só prestam atenção quando esses casos viram notícias, quando temos escândalos. Isso é muito triste. Sabemos que esses abusos acontecem e são tratados com naturalidade pelo segmento, apesar de violarem regras internacionais”, afirma Guillermo em entrevista à Globo Rural.
No início dos Jogos, outro campeão olímpico, Max Kühner, da Áustria, considerado o terceiro melhor do mundo, foi denunciado por bater nas pernas do seu cavalo com uma barra de metal durante a preparação para as Olimpíadas no centro de treinamento que possui em Starnberg, na Alemanha, em 2023.
Ainda no Brasil, o cavaleiro Pedro Vennis, representante na prova de saltos, teve uma boa execução na competição em equipe, mas acabou eliminado. O motivo foi um pequeno sangramento no cavalo Nimrode Muze causado pelas esporas. A CBH tentou recurso para reverter a decisão, mas teve o pedido negado.
Outro incidente culminou na eliminação do italiano Emiliano Portale, tirando suas chances de medalha. Após a prova de adestramento no CCE, comissários identificaram sangue na boca do cavalo durante exames de rotina.
Quem também perdeu a oportunidade de brigar pelo título foi o cavaleiro americano Marcus Orlob, que estava acompanhado do cavalo Jane no adestramento por equipes.
Segundo o site Fox News, juízes viram sangue na perna traseira direita do animal e interromperam a apresentação, levando à eliminação imediata dos Estados Unidos. O atleta se defendeu dizendo que o cavalo ficou assustado com o público ao entrar na pista montada nos jardins do Palácio de Versalhes e pisou em si mesmo.
O caso mais recente denunciado pela PETA à Federação Equestre Internacional aconteceu após a imprensa da Dinamarca divulgar imagens de cavalos com a língua azul durante a preparação da equipe europeia para os Jogos em torneios entre janeiro e julho de 2024.
Após análise, veterinários e especialistas da área afirmaram que os animais sentiam dores extremas pela condição. Diante da situação, a organização denunciou as amazonas Nadja Aabo Sloth, Nanna Skodborg Merrald e Cathrine Laudrup-Dufour. As duas últimas disputaram a prova de adestramento por equipes e faturaram a medalha de prata.
Hipismo pode ficar fora de Los Angeles 2028?
A lista de esportes olímpicos está em constante evolução. Ao longo da história, modalidades foram incluídas e excluídas do programa oficial pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). A dinâmica se deve a diversos fatores, como popularidade, quantidade de países e mudanças nas regras.
Se depender dos representantes da causa animal, sim, o hipismo seria excluído das próximas edições dos Jogos. É isso o que pede um abaixo-assinado liderado pela PETA, que já conta com mais de 80 mil inscritos.
“As pessoas já não enxergam o sofrimento animal como entretenimento, as coisas mudaram. Acredito que sendo uma demanda do público, como temos visto que é, há espaço para que, muito em breve, o hipismo seja retirado do calendário olímpico”, garante a representante da PETA, que pretende agendar uma reunião com o COI após os Jogos de Paris.