No CBMSC, os cães são verdadeiros parceiros operacionais, treinados para atuar em missões desafiadoras como buscas terrestres, intervenções em áreas deslizadas, e resgates em estruturas colapsadas. A excelência alcançada pelo CBMSC no emprego dos cães de busca e resgate tornou a corporação referência nacional e internacional na área.

Treinamento e certificação
Para que um cão esteja apto a atuar em ocorrências reais, é necessário passar por um rigoroso processo de educação, treinamento e certificação. O cão deve ter pelo menos 18 meses para participar das provas, período considerado ideal para garantir saúde, vigor físico e eficiência operacional.
O major Alan Delei Cielusinsky, presidente da Coordenadoria de Cães do CBMSC, explica que o processo de certificação é uma simulação fiel das condições encontradas em missões reais, seja em ambientes urbanos, rurais ou de estruturas colapsadas. “O cão e seu condutor, chamados “binômios”, são avaliados em conjunto. Os cães precisam demonstrar obediência, destreza e capacidade técnica para buscar e localizar vítimas em situações complexas e com alto grau de risco”, ressalta.
As certificações são divididas em modalidades específicas, como busca rural e urbana por pessoas vivas e vítimas em óbito. A certificação, válida por três anos, é requisito obrigatório para o emprego dos cães em ocorrências operacionais.
Treinamento diário e vínculo com o condutor
O treinamento dos cães do CBMSC é contínuo e realizado com técnicas baseadas em reforço positivo. O cão vive com o condutor, faz parte da sua família, treina, trabalha e descansa ao seu lado. O convívio diário fortalece a parceria e eficiência nas missões.
No CBMSC, o labrador é uma das raças mais utilizadas devido ao olfato altamente desenvolvido, à facilidade de aprendizado e ao temperamento equilibrado, características essenciais para o trabalho de busca e resgate.
Histórico de pioneirismo e evolução
O trabalho com cães de busca e resgate no CBMSC teve início aproximadamente em 2002, com o tenente-coronel Walter Parizotto e sua equipe em Xanxerê. Na época, a iniciativa surgiu da necessidade de encontrar alternativas mais eficazes para localizar pessoas desaparecidas em áreas de mata, uma ocorrência comum no interior catarinense.
Sem referências nacionais, o CBMSC buscou conhecimento em outros países e desenvolveu, de forma pioneira, suas próprias técnicas, superando muitos desafios. “Foi um processo empírico, construído com muito esforço, estudo e superação de resistências”, relata o major Alan.
O marco da consolidação do serviço ocorreu em 2008, durante o desastre das enchentes no Vale do Itajaí. A atuação dos cães foi determinante na localização de vítimas e evidenciou a importância estratégica desse tipo de recurso, impulsionando o reconhecimento do CBMSC como referência em todo o país.
Hoje, o CBMSC conta com 10 binômios ativos no estado. A atividade é regulamentada pela Liga Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (Ligabom), através do Comitê Nacional de Busca e Salvamento com Cães (Conabresc), reforçando a seriedade e a qualidade do serviço prestado.
Atuação em grandes desastres
Ao longo dos anos, os cães do CBMSC estiveram presentes em diversas operações de grande repercussão no Brasil. Entre elas, destacam-se:
- Desastre do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), em 2019;
- Rompimento da barragem de rejeitos em Mariana (MG), em 2015;
- Enchentes e deslizamentos em Petrópolis (RJ) e Recife (PE), em 2021;
- Enchentes no Vale do Itajaí (SC) e no Rio Grande do Sul, em 2023 e 2024.
Em todas as operações, o desempenho dos cães foi fundamental para a localização e o resgate de vítimas, mesmo em cenários de difícil acesso e alta complexidade. “As grandes tragédias refletem não apenas a importância técnica do trabalho dos cães, mas também o impacto emocional que essas missões geram em todos os envolvidos”, comenta o major Alan.
Terapia assistida e projetos sociais
Além da busca e resgate, os cães ativos e após a aposentadoria das atividades operacionais (que geralmente ocorre aos 10 anos de idade), os cães do CBMSC continuam contribuindo para a sociedade em ações de Terapia Assistida por Animais.
Acompanhados de seus tutores, eles visitam hospitais, clínicas, casas de longa permanência e participam de projetos sociais como o Bombeiro Mirim e o Programa Golfinho. “Essas atividades são extremamente gratificantes. Promovem bem-estar tanto para as pessoas atendidas quanto para os cães, que interagem com diferentes tipos de pessoas. É uma ação muito positiva para todos”, afirma o major Alan.
Compromisso na missão de salvar vidas
O CBMSC mantém seu compromisso no cuidado com os cães de busca e resgate, aprimorando técnicas, métodos de treinamento e processos de certificação.
“Hoje temos um protocolo muito bem definido, alinhado às necessidades operacionais reais e chancelado pelas principais instituições nacionais. A busca pela excelência é contínua, porque sabemos que, em uma situação crítica, o desempenho do binômio pode fazer toda a diferença”, finaliza o presidente da Coordenadoria de Cães.
O trabalho dos cães do CBMSC é motivo de orgulho para Santa Catarina e para o Brasil, simbolizando a união entre competência técnica, dedicação e amor à missão de salvar vidas.
Fonte: Governo do Estado de Santa Catarina