Quando a filha de 7 anos está desanimada e sem vontade de ir à escola, a empresária Luciene Maria Alves, de 43 anos, tem uma estratégia especial para animá-la: levar o Leopoldo, um Golden Retriever de dois anos e sete meses, para visitar a garotinha na aula. Em junho deste ano, um desses encontros viralizou na web.
Em um vídeo, publicado no perfil da família no Instagram (@luisaeleopoldogoldenalves), é possível ver a animação de Luísa — e de seus amigos — ao encontrar o melhor amigo.
Luciene, que mora em Belo Horizonte (MG), relata que a amizade da filha com Leopoldo tem um significado único. “Ele é o elo que a liga às outras crianças”, destaca. Quando ainda estava na barriga de sua mãe, Luísa foi diagnosticada com uma malformação cerebral. Ela é a terceira filha de Luciene, que engravidou 14 anos após o nascimento de seu filho caçula.
Até os sete meses de gestação, nenhum exame apontou qualquer anormalidade. No entanto, durante uma consulta de rotina em setembro de 2016, Luciene recebeu a notícia de que a filha teria uma malformação severa no cérebro. “Os dois meses seguintes foram de muito sofrimento. Vi meu mundo se abrindo”, lembra a mãe. “Diziam que ela poderia ter muitas limitações. Poderia não sentar, rolar nem respirar sozinha”, completou.
Após seu nascimento, em 16 de novembro de 2016, Luísa enfrentou muitos desafios. Com apenas três dias de vida, ela passou por um procedimento para a inserção de uma válvula no cérebro devido ao diagnóstico de hidrocefalia — acúmulo de líquido no cérebro. A tão esperada alta ocorreu 15 dias depois e, então, a família passou a comemorar cada marco do desenvolvimento. “Tudo que ela fazia era uma festa! O sentar, o comer e o “olá” da Luísa foram muito esperados”, conta Luciene.
Quando completou um ano de vida, a válvula de Luísa entupiu e a levou mais uma vez para a mesa de cirurgia, iniciando um período de três meses de internação. Até os três anos, a pequena passou por 13 operações. Em uma delas, perdeu o movimento do lado esquerdo e precisou repreender a andar, enquanto em outra teve um prejuízo da fala. Hoje, Luísa já consegue se comunicar, mas ainda apresenta um atraso cognitivo e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).
Para ajudá-la, a pequena faz acompanhamento com uma equipe multidisciplinar, incluindo fisioterapeutas, fonoaudiólogos e outros terapeutas. Orgulhosa, a mãe diz que a filha é uma menina “forte, valente e destemida”. “Ela conquista as pessoas pela humildade, não chora à toa e nem reclama”, ressalta.
A chegada de um amigo!
Leopoldo chegou à casa da família quando tinha apenas três meses, após Luciene perceber que a filha precisava de um amigo. A empresária conta que, desde o início, ficou surpresa com o comportamento do Golden. “Foi um filhote que nunca fez bagunça. Entendeu que a estrela da casa não era ele”, diz a mãe. “Brinco que o Leopoldo é cão terapeuta por natureza. Sempre foi diferente dos goldens que conhecemos, desde que chegou sempre foi calmo, carinhoso e inteligente, nunca teve comportamento de filhote. Ele foi adestrado por um profissional muito renomado na nossa região por dois anos”, elogiou.
Aos poucos, a dupla foi desenvolvendo um forte vínculo. Quando a pequena chega da escola, o pet já está segurando seu brinquedinho. Se vai descer a escada, ele a espera passar primeiro. Se a pequena fica doente, tem o amigo ao seu lado o tempo inteiro. “Parece que ele entende as limitações dela”, afirma Luciene. É como se fosse um pai ou um irmão superprotetor da Luísa”, comentou.
O pet também desempenha um papel importante na integração da pequena com o mundo ao seu redor, especialmente na escola. Sempre que interage com alguém, ela cita Leopoldo e faz questão de mostrar aos amiguinhos os truques que ele já aprendeu. Segundo Luciene, Leopoldo não só acompanha sua filha na escola, mas também tem uma carteirinha que lhe permite acesso às consultas no hospital.
Para a empresária, a chegada do Golden à família tornou os dias de sua filha muito mais felizes. “Leopoldo é como um anjo nas nossas vidas. Ele e a Luísa nos mostram um mundo com amor, pureza e deixam a vida mais leve e tranquila”, finaliza.
Fonte: Revista Crescer