Discord? O que é isso? Seria discordar de alguém? Como fiscalizar algo que a mãe, avó, pai, tio, avô, sequer sabem que existe? Tarefa difícil, quiçá, impossível.
É um desafio gigante, mas que a sociedade precisa urgentemente começar a debater. Em Santa Catarina, uma notícia pegou de surpresa e aterrorizou a pequena cidade de Bombinhas. Os 30 mil habitantes souberam através das redes sociais que uma adolescente, praticamente uma criança, de apenas 12 anos, havia sido apreendida e internada por determinação da justiça.
Em fotos compartilhadas no story do Instagram, a adolescente exibia seu “grupo” em apologia ao neonaz1smo, com imagens de naz1stas representando cada integrante.
O mandado foi cumprido pela Polícia Civil de Bombinhas, numa escola da cidade, após graves denúncias encaminhadas até mesmo por órgãos de monitoramento e vigilância dos Estados Unidos. Acontece que não foi algo isolado. A garota já era conhecida na rede social Discord por suas publicações extremamente aterrorizantes.
“É inacreditável o sangue frio que ela tem. Tinha orgulho de humilhar o irmãozinho, fazia ele segurar plaquinhas com frases como ‘irmão que é espancado’ e publicava no Discord”, conta um usuário que denunciou a conta da adolescente.
Há duas semanas, o YouTuber ‘Mistério Tv’fez uma reportagem investigativa e reveladora. Ele foi responsável por provocar a prisão de vários criminosos virtuais e auxiliou com denúncias para a detenção de diversos adolescentes que cometem crimes na internet.
O alerta perturbador da ‘Mistério TV’ para o caso de Bombinhas revelava uma adolescente que tinha prazer, principalmente, em matar e torturar animais. Em vídeos, ela aparece estrangulando um gatinho da família, enquanto o animal emite sons aterrorizantes, em completo desespero, com os olhos esbugalhados e ‘saltando’ da face.
Em outra gravação, obtida com exclusividade pelo Jornal Razão e já disponibilizada às autoridades, a adolescente aparece esfaqueando um gato. O momento foi transmitido ao vivo pelo Discord para outras crianças e adolescentes.
Além de apologia à Rússia e ao neonaz1smo, a menina, considerada por muitos colegas como sendo uma pessoa ‘acima de qualquer suspeita’, também compartilhava pornografia infantil, com estupr0s e atos sexuais contra crianças e adolescentes.
A adolescente vinha sendo monitorada pela Polícia Civil desde dezembro de 2023, quando foi cumprido um mandado de busca e apreensão na residência dela. Na época, em ‘live’ no Discord, ela praticou maus tratos contra o gato da família e chegou a arremessar o animal da sacada do apartamento.
Em mensagens compartilhadas com seus ‘amigos’ da Internet, ela afirma ter assassinado um pássaro e um rato, colocando os animais mortos no banheiro da escola onde estudava. Em outra conversa, ela diz que fará uma live ‘abrindo’ ao meio um rato morto.
O estopim ocorreu na última semana, quando ela ameaçou promover ataques no colégio onde estuda, matar animais e assassinar o próprio irmão, que frequentemente era torturado com humilhações vexatórias compartilhadas na internet. Segundo o relatório divulgado pela Polícia Civil, ela chegou a levar um facão para a escola em outra data, anterior ao cumprimento do mandado de apreensão.
Ela estava na escola no momento em que a Polícia Civil chegou para conduzi-la à delegacia. Felizmente, neste momento, nenhuma arma branca foi localizada em sua posse. Após ser ouvida na delegacia na companhia de um responsável legal, ela foi encaminhada ao IML e depois ao Centro de Internação Feminino de Florianópolis, onde ficará à disposição da justiça.
Em Santa Catarina, a prioridade é por parte da Assembleia Legislativa, com análise e aprovação dos projetos voltados à segurança nas escolas. Após o ataque à creche de Blumenau que resultou na morte de quatro crianças, a Alesc liderou um grupo de trabalho que fez visitas a outros países em busca de ideias que pudessem fortalecer a proteção dos educandários contra ataques e casos de violência.
O grupo reuniu Ministério Público, Tribunal de Justiça, Polícia Militar, Secretaria de Estado da Educação e Federação Catarinense dos Municípios (Fecam), resultando em 11 projetos de lei com mudanças como a criação de comitês e observatórios voltados à segurança e paz nas escolas, a criação de espaços de convivência, programas de acompanhamento psicológico a professores, instalação de câmeras e regulamentação do controle de acesso às escolas.
Fonte: Jornal da Razão